sexta-feira, 24 de abril de 2015

CHANCE DE MUDAR

Negócios sociais impulsionam educação no Brasil

Estudo mostra que o segmento brasileiro de educação está entre os dez maiores do mundo. Esta pode ser a oportunidade para melhorar a qualidade do ensino público no país através do empreendedorismo social e impulsionar um mercado estimado em R$ 60 bilhões

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Suzana Camargo - Planeta Sustentável - 27/03/2015
Fotos GOVBA/Creative Commons
Ao concluir o ciclo de alfabetização, 43,9% dos estudantes brasileiros não leem ou escrevem de maneira correta. Outros 57,2% das crianças que terminam a terceira série do ensino fundamental não conseguem fazer contas de soma e subtração. 


Estes números revelam apenas algumas das muitas lacunas que a educação no Brasil ainda precisa preencher e, sobretudo, em relação aos alunos que frequentam as salas de aula das escolas públicas. 



O estudo "Oportunidades em educação para negócios voltados à população de baixa renda no Brasil" demonstra como iniciativas de startups de empreendedorismo social podem melhorar a qualidade do ensino, e ao mesmo tempo, movimentar um mercado potencial estimado de R$ 60 bilhões. 



A pesquisa, realizada pelo Instituto Inspirare* e Potencia Ventures, com o apoio da Artemisia, organização brasileira voltada a negócios sociais e criação de estratégias para redução da pobreza, aponta que o Brasil é um dos dez maiores mercados do mundo para a educação.  



O conceito de negócios de impacto social surgiu nas últimas décadas como um anseio de jovens empreendedores e - idealistas - para mudar o mundo. O modelo é diferente da filantropia, que se resume basicamente à doação de recursos. No empreendedorismo social, há geração de renda para a sustentabilidade do negócio. Segundo especialistas, é o melhor caminho para reduzir desigualdades na sociedade e impulsionar o crescimento econômico justo. 



Só entre 2003 e 2013, foram investidos mais de US$ 76 milhões em negócios de impacto social no Brasil, de acordo com uma pesquisa internacional, que também contou com a parceria da Artemisia. Só em 2014, empreendedores nacionais e do exterior afirmaram ter alocado entre US$ 89 milhões e US$ 127 milhões para a mesma finalidade. 



Para a Artemisia, é certamente no setor de educação que estes investimentos são mais bem-vindos para melhorar o baixo nível de aprendizado e engajamento de estudantes e professores na rede pública. "Temos excelentes exemplos de negócios inovadores e promissores que preenchem lacunas do sistema educacional brasileiro, além de estarem aptos a construir empresas lucrativas", afirma Renato Kiyama, diretor de Aceleração da organização. 



Confira abaixo algumas das iniciativas de impacto social com foco em educação, que estão fazendo a diferença dentro e fora das salas de aula do país: 



Casa Cuca (SP)
A startup atua na capacitação de professores e desenvolvimento de metodologias lúdicas que, associadas a ferramentas digitais de ensino, ativam as habilidades cognitivas do aprendizado de crianças, jovens e adultos, especialmente aqueles com deficiências cognitivas e dificuldade de aprendizagem.



Coruja Educação (SP)
A empresa oferece a professores e pais uma plataforma de avaliação que permite identificar exatamente o estágio, dificuldades e evolução de cada criança ao longo do processo de alfabetização e recomenda uma série de atividades para que o docente possa atuar de forma personalizada com cada aluno. 



Alpha Lumen (SP)
Escola de ensino médio e fundamental II especializada em estudantes com altas habilidades. Por meio de metodologia inovadora, desenvolve o potencial de jovens talentosos, das mais diversas camadas sociais e econômicas. O resultado do programa se reflete nas altas taxas de aprovação de seus alunos nas melhores universidades brasileiras e internacionais. 



Eruga (PR)
A escola utiliza tecnologia para aumentar o engajamento dos jovens ao oferecer uma plataforma online com conteúdos em realidade aumentada (RA) - material personalizado de acordo com as inteligências múltiplas do aluno. 



Guten (SP)
Empresa de educação focada em tornar a leitura divertida e interativa, por meio de aplicações mobile, com base nas competências do século XXI. Ao utilizar tecnologia e jogos, o projeto oferece textos com níveis de complexidade adequados para cada leitor e desafios adequado para cada criança. 



Primeiro Livro (SP)
Projeto de aprendizagem que estimula alunos do ensino fundamental a escrever seu primeiro livro. Os textos são redigidos em uma plataforma de edição que permite ler, tecer comentários e corrigir. Os apontamentos e correções são realizados pela própria plataforma, que analisa os dados identificando potencialidades e fraquezas - além de propor melhorias de forma personalizada.



Sinapse Virtual (PB)
O programa Sinapse nas Escolas é uma plataforma online que avalia distúrbios de aprendizagem de crianças do ensino infantil e fundamental I e sugere ferramentas físicas e digitais para a correção dessas dificuldades. A plataforma auxilia o planejamento pedagógico dos alunos com a participação de pais, gestores e professores; além disso, atua na formação online para capacitação de professores. 

*Instituto Inspirare 
Potencia Ventures 
Artemisia

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