quarta-feira, 24 de junho de 2015

Repensando a fórmula de sucesso

23/06/2015

Convidados debatem como novos negócios estão utilizando sua força para fins inclusivos e sustentáveis

Durante o primeiro painel de debate realizado no Congresso FNQ de Excelência em Gestão 2015, os convidados Maure Pessanha (Artemísia), Tales Gomes (Plataforma Saúde), Julia Maggion (Sistema B) e Gilberto Ribeiro (Vox Capital) discutiram o papel desempenhado pelas empresas que carregam, em suas missões, a preocupação e a responsabilidade social com o ambiente em que estão inseridas.
 
Mas, qual o ponto de partida para transformar-se em um negócio de impacto? Observar lacunas e novas oportunidades de investimento vem se tornando uma prática comum entre aqueles que procuram uma nova forma de enxergar um modelo econômico. Mais do que garantir lucros, as empresas buscam uma integração maior com a sociedade, procurando entender como suas ações podem ajudar na diminuição da vulnerabilidade social e do impacto ambiental, em uma caminhada sem volta para uma fórmula de sucesso para os negócios nunca vista.
 
No mercado há mais de dez anos, a Artemísia, uma organização sem fins lucrativos, pioneira no investimento em negócios de impacto social, se destaca pelo idealismo pragmático e pela valorização das relações interpessoais. “Hoje, existe, sim, um ambiente empreendedor já focado nessas questões socioambientais. Isso ainda não é maioria, mas já existem muitas pessoas que focam o olhar nesse tipo de solução”, comenta Pessanha. Com o desafio de identificar, entre tantas organizações, aquelas que oferecem de forma intencional soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda, a ONG conta com especialistas e investidores que estudam as oportunidades comerciais de cada empreendimento.
 
Procurando entender e detectar pontos de atuação sustentável, a Plataforma Saúde também se desdobra para cumprir com o objetivo de democratizar o acesso à saúde para pessoas que vivem em situação de pobreza. “A Plataforma nasceu pensando no impacto social. Toda a equipe sempre esteve pensando em aplicar nossas métricas em todas as soluções”, explica Gomes.  
 
Ao contrário do que pode parecer, este novo modelo não precisa, necessariamente, de investimentos milionários, ao contrário, precisam do investimento certo. Com executivos cada vez mais jovens e antenados com o novo momento da economia, a maioria destes negócios começam pequenos e crescem com o apoio dos investidores. “O desafio do novo executivo é relacionar o seu desejo pessoal com o profissional. Talvez seja a hora de você pensar em imprimir a sua marca de alguma maneira na sociedade. A principal ruptura é a mental. O empreendedor precisa, quando estiver desenvolvendo o plano de negócios, entender que o lucro será o meio para se realizar a entrega do produto ou serviço”, pontua Ribeiro, da Vox Capital, primeira empresa de investimentos de impacto do Brasil.
 
Nesta cultura que promove a construção de ecossistemas favoráveis, surge o Sistema B, que prova que é possível manter os lucros em uma economia em que o bem-estar da sociedade seja o verdadeiro sucesso de um negócio. “A ideia não é fazer uma guerra contra o lucro. O lucro é libertador. A quebra de paradigma está no conceito de repensar o negócio, de repensar o sucesso. A forma com que você se relaciona com seu fornecedor, com a comunidade onde você atua, com o seu cliente, os seus colaboradores aponta para um caminho mais sustentável ou menos sustentável. No longo prazo, isso vai mostrar de maneira clara qual o tipo de lucro que você vai alcançar”, finaliza Julia Maggion.

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