Muito mais que lucro, uma questão de estratégia e consciência
23/06/2015
Para Pavan Sukhdev, o crescimento dos investimentos em negócios sustentáveis revela uma alteração no modo de pensar a economia mundial
Em palestra realizada no Congresso FNQ de Excelência em Gestão 2015, Pavan Sukhdev, principal autor do relatório The Economics Of Ecossystem And Biodiversity (TEEB), da ONU, apontou caminhos e estratégias para mudanças na gestão corporativa, visando uma relação equilibrada, em que as ações mercadológicas se equilibram com preocupações sociais e ambientais, podendo, assim, revolucionar a forma como pensamos a economia mundial.
Ao apresentar as teorias sobre o Novo Capitalismo, Pavan levantou como principal questão a urgência em mudar o padrão utilizado desde 1920 e adotar um novo modelo de gestão até 2020, prevenindo, assim, as externalidades negativas, como a escassez de recursos naturais, conflitos e desigualdades. “Não se trata de uma questão de reinventar a economia, mas de entender o que a literatura econômica nos diz. Se reconhecermos isso, podemos pensar em alternativas que nos levam para um mundo mais sustentável”, comenta.
Mais do que seguir as regras do jogo, é preciso ser estratégico e pensar em soluções que tornem o empreendimento rentável, lucrativo e sustentável, baseando-se em pilares que valorizam os capitais financeiro, humano, social e nacional de forma vertical e colaborativa. “O negócio é muito mais do que trazer lucros, é gerar valores e lucros para os acionistas, mas também para a sociedade. Não podemos reduzir o nosso objetivo para o básico, precisamos ter um propósito e olhar além”, pontua.
O crescimento nos investimentos em sustentabilidade e a criação de negócios de impacto estão diretamente ligados às mudanças de postura não só de empresas, mas da sociedade como um todo. Entender que é possível criar um modelo sustentável apoiado em políticas público-privadas, que se preocupam com o lucro e com os reflexos gerados durante todos os processos produtivos, é o caminho. "Nós, como comunidade corporativa, devemos pensar sobre isso, pois os investidores estão à procura de novos negócios. Como isso vai acontecer? Precisamos mudar algumas questões macro, como perdas de capital público, a demanda e o consumo", explicou.
Ao destacar o papel desempenhado pelo Brasil diante das perspectivas de mudanças, Pavan encerrou sua apresentação, levando os convidados à reflexão do papel de todos neste processo. "O Brasil tem um papel muito importante a executar. Todos vocês, líderes, tem uma grande responsabilidade. O Brasil é a capital global do capital natural. Não é um pequeno desafio, mas acho que vocês podem enfrentá-lo", finaliza.