Crise Energética e Desenvolvimento: Seminário celebra com êxito os 73 anos do SENGE
Com lotação esgotada e cerca de 600 espectadores acompanhando pela internet, o Sindicato dos Engenheiros e a Federação Nacional dos Engenheiros realizaram na quinta-feira (18) o Seminário Crise Energética e Desenvolvimento no Teatro do Prédio 40 da PUCRS. Especialistas, autoridades e representantes de diversos segmentos do setor elétrico promoveram discussões importantes e contribuições técnicas, consolidando mais uma vez o alto nível e o objetivo propositivo dos debates realizados nos eventos promovidos pelo Sindicato.
O presidente do SENGE Alexandre Wollmann abriu o Seminário reiterando a importância deste evento, que marca a celebração dos 73 anos de fundação do Sindicato, para o aprofundamento da discussão sobre a necessidade do planejamento para a eficiência dos serviços e obras públicas no país. “Precisamos romper a barreira política e planejar o Brasil do presente e do futuro numa perspectiva muito maior do que um mandato ou uma legislatura. Todos nós sabemos que o Brasil precisa de projetos de Estado muito mais do que projetos de governo. Cabe a nós engenheiros, gestores e usuários protagonizarmos este debate, mesmo que por vezes sobrevenham aspectos antagônicos, com diferentes entendimentos e com variados enfoques técnicos, legais e econômicos. A engenharia em todas as suas áreas de atuação será sempre a base de sustentação do desenvolvimento. Por tanto, protagonizar eventos como este reproduz diretamente o código de ética e a responsabilidade técnica inerentes a nossa profissão. Reproduz da mesma forma o compromisso com os quais o SENGE e a FNE conduzem sua atuação”, disse Wollmann. O dirigente reafirmou, por fim, a posição do SENGE em defesa das estatais e da engenharia nacional, que no setor elétrico são referências mundiais servindo de modelo para os Estados Unidos e para países da Europa.
O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros Murilo Celso de Campos Pinheiro também destacou o papel dos engenheiros no crescimento e desenvolvimento do país. “A engenharia é, sem dúvidas, o carro-chefe para sairmos de qualquer crise. Se nós tivermos a engenharia unida neste país, teremos a oportunidade de discutirmos saídas e propostas factíveis. A discussão da crise energética é mais um caminho para traçarmos objetivos de planejamento e crescimento”, disse o presidente da FNE.
Representando o Governo do Estado, o diretor de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia do RS José Francisco Braga falou sobre a expectativa em relação às propostas do Seminário. “O governo estadual está atento às questões energéticas, prova disso é a recriação da Secretaria de Minas e Energia nesta gestão. Estamos inclusive elaborando um plano decenal que contempla todas as fontes de geração disponíveis no RS, de forma regionalizada. Esperamos que neste Seminário possamos ter grandes propostas para o setor”.
Na sequência, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, proferiu palestra magna sobre a crise energética como ameaça ao desenvolvimento. (Acesse o arquivo da palestra)
O primeiro painel do Seminário tratou das vulnerabilidades técnicas, jurídicas e ambientais do sistema elétrico brasileiro. Com a mediação do jornalista Tulio Millmann, apresentaram suas considerações e contribuições o deputado federal Pompeo de Mattos, a secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do RS Ana Pellini, o diretor técnico da FEPAM Rafael Volquind, e o advogado sócio fundador do Baggio e Costa Filho Sociedade de Advocacia e docente da Fundação Getúlio Vargas Guilherme Baggio.
Acesse o arquivo das palestras:
Vulnerabilidade Ambiental do Sistema Elétrico Brasileiro (Rafael Volquind)
Vulnerabilidades Jurídicas no Setor Elétrico (Guilherme Baggio)
O segundo painel abordou os desafios técnicos e socioeconômicos da oferta de energia, com a participação do presidente da Companhia Energética de São Paulo(Cesp) Mauro Arce, o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) Flávio Neiva, o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee) Nelson Leite, e o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, também representante da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Acesse o arquivo das palestras:
Flávio Neiva
Nelson Fonseca
Ronaldo Custódio
Os desafios técnicos do setor energético no Rio Grande do Sul foram tema do terceiro painel, com a participação do diretor de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia do RS José Francisco Braga, do presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) Fernando Luiz Zancan, diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, e do presidente do Conselho da Agenda 2020, Humberto Busnello.
Acesse o arquivo das palestras:
Energia Eólica (Ronaldo Custódio)
Carvão Mineral (Fernando Zancan)
Desafios do setor energético no RS (Humberto Busnello)
Desafios do setor energético no RS (José Francisco Braga)
Ao final do evento, o jornalista e mediador Túlio Millmann apresentou algumas linhas que deverão constar na Carta de Porto Alegre, documento que será lançado nos próximos dias com as propostas para a crise energética a partir das discussões e proposições das entidades realizadoras do Seminário:
- Busca de uma visão conjunta, integrando as diversas visões parciais;
- A necessidade da revisão do modelo tarifário do setor elétrico que emite sinais equivocados aos consumidores e remunera de forma injusta os geradores: adotar a modelagem de preço pelo custo;
- O melhor aproveitamento das potencialidades energéticas regionais a exemplo do carvão gaúcho;
- Valorização do conhecimento nos processos decisórios, propondo a retomada dos comitês coordenadores aos moldes do GCPS e GCOI, com participação efetiva de especialistas do setor elétrico;
- Garantia de retomada do desenvolvimento e o enfrentamento da recessão e, portanto a necessidade de proteções, garantias e estímulos à ação produtiva dos engenheiros e das empresas de engenharia.
- O Sindicato dos Engenheiros e a Federação Nacional dos Engenheiros se posicionarão contra as privatizações no setor elétrico, a quebra das exigências do conteúdo nacional e as agressões à capacidade de atuação da Petrobras.
Painelistas apresentam suas impressões sobre o Seminário
Em entrevista ao portal SENGE, o presidente da FNE Murilo Celso de Campos Pinheiro falou sobre a importância do Seminário e da discussão ampla sobre o setor energético. “O Sindicato dos Engenheiros do RS tem realizado um trabalho muito importante na questão da energia nacional. Acho que esta parceria entre o Sindicato e a Federação, que nos possibilitou estar aqui discutindo o âmbito nacional da crise energética, é sem dúvida um caminho de propostas factíveis para o Brasil. Hoje estamos vivendo uma crise no país, mas entendemos que este assunto precisa ser tratado como proposta de crescimento e desenvolvimento. Não podemos aceitar uma inflação ou uma recessão, temos que promover a discussão de propostas. O SENGE-RS tem uma história de luta e de trabalho, é um exemplo de dedicação e participação nas questões da sociedade brasileira como um todo. Nós da Federação temos orgulho de sermos parceiros deste Sindicato que é dinâmico, ativo, participativo e inserido nas questões nacionais”, disse o dirigente da Federação.
Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, as discussões propostas pelo Seminário são muito importantes diante do intrincado sistema elétrico nacional. “A questão da eletricidade no país tem uma complexidade muito séria, envolvendo muitos pontos além da energia, da engenharia e da parte econômico-financeira. Temos também as questões ambientais, sociais e de inserção internacional. Este evento representa um momento relevante para discutirmos todas essas questões importantes para o Brasil em suas proporções continentais, onde existem regiões com interesses energéticos legítimos e distintos, e uma questão energética nacional. É fundamental que todos os lados sejam discutidos amplamente para que a sociedade e o governo encontrem respostas e um caminho para implantar a matriz energética mais adequada aos brasileiros, com segurança, custos competitivos, responsabilidade social e respeito ao meio ambiente”, explicou o secretário.
A secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do RS Ana Pellini reiterou o necessário equilíbrio entre as questões ambientais e o desenvolvimento. “Estamos procurando facilitar os trâmites, porque uma coisa é o problema ambiental real e outra é a demora por burocracia, por estudos infindáveis, por algo que acaba retardando tanto o investimento que ele não se justifica mais economicamente, mesmo sendo em energia que é algo sempre necessário. Nosso primeiro movimento está sendo no sentido de eliminar toda e qualquer demora que seja evitável. Também estamos fazendo um estudo mais amplo, porque quando a coisa é examinada pontualmente tem uma feição, mas quando analisamos em um conjunto maior ela adquire outro aspecto, as vezes mais favorável ambientalmente para que os empreendimentos se desenvolvam, e isso tem sido uma construção muito bem sucedida. Especialmente no caso da energia eólica, por exemplo, que está sendo implantada, conseguimos estabelecer um zoneamento, com regras mais flexíveis para licenciamento e com segurança ambiental. O nosso movimento é no sentido de estabelecer um método que seja desburocratizado, ágil, baseado em informações sinérgicas mais globais para que possamos licenciar com rapidez, segurança e sem descuidar dos quesitos ambientais, que são o valor do qual não podemos abrir mão nunca.”
*Nos próximos dias disponibilizaremos os vídeos com as palestras e painéis do Seminário.
**Os certificados de participação estarão disponíveis para download a partir do dia 22 de junho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário