quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Brasil de “Sadims”


Por Jairo Martins, presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade

BRASIL DE SADIMS

Ao observar os acontecimentos no ambiente político e institucional das últimas semanas, fico a refletir sobre a engenhosa profissionalização da corrupção no Brasil. A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, conduzida de forma desastrosa, causou alvoroço e repercussão internacional em um setor que tem sido a salvação do Brasil e apontou o que não gostaríamos de ouvir, mas que, infelizmente, tem sido recorrente: o esquema de corrupção que envolve fiscais, empresários e políticos.
Se pudesse utilizar uma palavra que representasse a situação atual dos líderes do Brasil seria Sadim: Brasil de “Sadims”. Sadim é um anagrama de Midas que, de acordo com a mitologia grega, tem o dom de transformar tudo em ouro. Enquanto as pessoas com o toque de Midas conseguem gerar valor e riqueza, os Sadims transformam em fracasso o que tocam. Os Sadims representam a má gestão do nosso País, que tem transformado os nossos recursos e ativos em pó.
O Brasil, com toda a sua natureza esplêndida, pirâmide demográfica ainda equilibrada, clima amigável, água em abundância, agronegócio excelente - com potencial para ser o grande sustentáculo da economia, sofre com uma liderança dominada pela ganância, incompetência e desonestidade. Não há código de ética instaurado que consiga estancar o desvio de dinheiro, o apadrinhamento político, a troca de favores e a preservação de privilégios.
De fato, a corrupção está arraigada nas estruturas nos cargos: do mais alto escalão até a base, nos setores público e privado. Os “Sadims” são egoístas, individualistas e inescrupulosos, preferem expor as suas famílias a reconhecer que estão errados. Não podemos deixar que esses “Sadims”, em nome da ganância desmedida, façam mau uso dos nossos recursos, arrasem com a nossa reputação e nos afastem das cadeias produtivas internacionais.
Em meio a esse caos instaurado, para transformar esse cenário, é necessário o surgimento de líderes transformadores, que atuem de forma ética, inspiradora, exemplar e comprometida com a excelência, compreendendo os cenários e as tendências que exigem flexibilidade e adaptabilidade, além de muito trabalho. Que surja um Brasil com líderes Midas, que resgatem os nossos valores, com ética e justiça.

VUCA: Tomando Decisões em Cenários de Incerteza


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Businessman walking the path of insecurity
O mundo dos negócios, especialmente diante do contexto global, convive com um alto nível de incerteza. Empresas nascem e se vão em curtos intervalos de tempo, novos modelos de negócio surgem da noite para o dia e fatores que antes eram considerados irrelevantes entram em cena.
Esse dinamismo dificulta o processo decisório e pode até mesmo levar à inércia corporativa, diante da dificuldade em saber o que vem pela frente. Modelos de representação que sejam capazes de captar e traduzir essa situação se tornam então importantes para a escolha de caminhos estruturados, e é aí que entra o conceito de VUCA.

Um Acrônimo de Peso

VUCA:
  • Volatility (Volatilidade)
  • Uncertainty (Incerteza)
  • Complexity (Complexidade)
  • Ambiguity (Ambiguidade)
Os quatro componentes da VUCA são variações que podem acontecer no ambiente de negócios e dificultar a tomada de decisões. Tratam-se de situações de risco, nas quais um passo equivocado pode levar a cenários desvantajosos para os objetivos da organização. A ideia então é mitigar os possíveis efeitos negativos por meio da identificação clara do cenário enfrentado.

Entenda os Elementos

Vejamos situações em que cada um dos elementos se faz presente para entendermos como usar o modelo a nosso favor na prática:
No caso da Volatilidade, imagine que você possui uma empresa de logística e tem enfrentado um problema recorrente com a alta variação do preço dos combustíveis, fazendo com que, em curtos intervalos de tempo, haja amplas diferenças nos custos das viagens.
Uma solução possível seria comprar grandes quantidades de combustível quando os mesmos estivessem em um patamar de preços considerado baixo. Esse é o tipo de operação que exige decisões ágeis e que reduz a volatilidade do cenário.
customer-journey-mappingPensando em termos de Complexidade, imagine que você decide transformar seu negócio em uma franquia. Apesar de ter toda a legislação disponível e outras empresas para benchmark, o volume de informações e a quantidade de adequações a serem processadas tornam essa transição altamente complexa.
Essa é uma situação que demandará uma reestruturação interna, de forma a organizar e criar processos adequados à nova condição que será adotada e às novas atividades e formas de controle necessárias.
Para analisarmos a Incerteza imagine que você possui uma empresa que atua na área de extração mineral. Você tem ciência de que existem grupos ambientais contra a sua atuação em determinadas regiões, porém não sabe quais iniciativas esses grupos podem tomar e nem os impactos que elas podem trazer.
Você, portanto, tem ciência do motivo e sabe o tipo de situação que pode acontecer, mas falta a noção de quando e como. Dessa forma o essencial é a coleta de informações. Seria necessário monitorar movimentos contra sua organização, em redes sociais, por exemplo, e identificar o histórico da forma de atuação desses grupos, para que um certo grau de previsibilidade seja possível.
Por fim, temos a Ambiguidade. Imagine que você decida expandir suas operações de marketing para a internet, porém sua atuação é em uma área na qual tradicionalmente as empresas possuem pouca representatividade on-line. Dessa forma, é difícil saber como os clientes responderão à questão.
Como é um caminho pouco trilhado, não é possível ter certeza sobre causa e efeito e nem mesmo prever o que acontecerá. Essa questão deve ser solucionada com avaliação prática daquilo que traz ou não retorno, de acordo com a reação das pessoas. O acúmulo de experiência é a solução em si.
Em resumo:
Imagem - VUCA

Clareza e Objetividade

Os cenários descritos representam o mundo em que os negócios são realizados, tanto para uma grande multinacional, quanto para uma quitanda de bairro. É importante ficar atento às condições de risco que circundam sua empresa e defini-las claramente, para assim encontrar soluções efetivas.

Referência Bibliográfica

BENNETT, Nathan; LEMOINE, G. James. What a difference a word makes: Understanding threats to performance in a VUCA worldBusiness Horizons, v.57, p.311-317. Indiana/EUA: Elsevier, 2014.
No meu post sobre a Agile Europe 2016, citei o trabalho que a Diana Larsen está fazendo em seu novo livro, falando sobre transformação e aprendizado em organizações. Na situação citei o conceito de VUCA (do inglês, volatility, uncertainty, complexity and ambiguity), e como ele pode guiar a forma como avaliamos risco e estratégia em nossos negócios.
Bem, este post tenda aprofundar um pouco mais essa discussão, explicando o tema e trazendo mais argumentos para levarmos à gestão de projetos. O termo em português para o conceito é VICA, mas continuarei usando o termo que encontrei mais referências.
Independente da indústria na qual você trabalha, uma realidade é cada vez mais constante: ou você está mudando seu negócio, ou seu negócio está próximo de ir para o buraco. VUCA surgiu no mundo de negócios como um termo para representar as condições fundamentais que afetam um negócio. Sua origem vem do mundo militar, com a ótica de oficiais em operação. Neste cenário, os acontecimentos são caóticos e imprevisíveis, uma forma extrema de condições VUCA. Na gestão e estratégia de nossas empresas, uma avaliação das condições de seu negócio sob a ótica VUCA pode ajudá-lo a tomar melhores decisões, e estar mais bem preparado para o desconhecido.
Cada um dos termos do VUCA apresenta uma visão interessante sobre nosso mundo:
Volatility: Mudanças de negócio cada vez mais rápidas. Sob a ótica da volatilidade, nossa estratégica precisa deixar de resistir às mudanças e ao invés disso, seguir com elas. Aqui, o acontecimento é inesperado e muitas vezes de duração incerta, não necessariamente difícil de se entender. Conhecimento sobre as situações podem estar presentes e é mais importante agir rapidamente quando o inesperado acontece. Exemplo: Flutuação de preços de produtos após fornecedor ficar off-line em resultado de um desastre.
Uncertainty: É a falta de previsibilidade sobre o resultado futuro, analisando-se os dados presentes. Além disso, a quantidade de fatores a serem analisados é virtualmente impossível de ser medida, dada sua relação não linear dentro do sistema e a evolução de sua interação à medida que o tempo passa.  Exemplo: uma empresa qualquer lança um produto que altera a direção de um mercado não antecipado (Apple entrando no mercado de música, Google construindo telefones, etc)
Complexity: no contexto VUCA, complexidade é sobre conectividade e interdependência. Interações não lineares e resultados não previsíveis dificultam nossa capacidade de agir diretamente nos sistemas através de modelos tradicionais de mitigação de riscos. Em ambientes complexos, nós não sabemos diretamente o resultado de nossas ações dado a natureza interconectada e interdependente dos fatores. Sem relação direta de Causa-efeito. Exemplo: Realizar negócios em inúmeros países, cada um com sua própria regulamentação e modelos culturais.
Ambiguity: muito difícil de encontrar relação de causa-efeito ao analisar um acontecimento. Evidências são insuficientes para estabelecer o significado de um acontecimento. Resultados podem ser interpretados de diversas formas, e conhecimento da situação pode ser totalmente nulo. Exemplo: Lançar um novo produto num mercado emergente, ou criar um modelo completamente novo de negócios.
Entender cada um dos contextos VUCA pode ajudá-lo a decidir qual estratégia seguir. Cada um dos quadrantes VUCA demanda ações diferentes de atuação:

Obviamente existe a interdependência e a mescla de cada um dos quadrantes com os demais, apesar de cada quadrante ser caracterizado por uma situação específica.
Em seu livro Team of Teams, o General Stanley McChrystal apresenta como exército americano teve que mudar para enfrentar um novo tipo de inimigo, durante os anos de invasão do Iraq. Nas palavras do próprio autor:
Nós tinhamos uma força incrivelmente grande, bem treinada e super equipada, enquanto AlQuaeda tinha que recrutar milicianos locais e trazer combatentes estrangeiros. Mas por que não conseguíamos vencer um grupo de insurgentes tão mal aparelhados? Por que estávamos perdendo a guerra?
Team of Teams, General Stanley McChrystal
No fogo da batalha, ficou claro que o modelo Americano de reducionismo burocrático, cultivado por anos de gestão científica e pela prática industrial – transformaram o exército americano num exemplo vivo da gestão taylorista. Uma máquina de eficiência, que estava passando por dificuldades ao menor sinal de um inimigo mais dinâmico, mais descentralizado e que não seguia a cartilha de guerra, como o país estava acostumado.
O livro apresenta diversos desafios ao modelo centralizador tradicional do exército, e como ele simplesmente não funcionava dentro do contexto da invasão do Iraque. A interdependência de diversas agências, a dificuldade de comunicação e compartilhamento de informações e a velocidade com que os planos dos insurgentes modificavam sua estratégia tornavam quase impossível que os americanos pudessem ter qualquer resultado positivo por 2 anos de combate.
No curso do livro, o autor apresenta como todo a estrutura do exército americano teve que ser modificada e reaprender o que sabia sobre como guerras e o mundo funcionavam. A solução sistêmica encontrada: reestruturação de grupos, compartilhamento de informações sem restrição e dissolução das barreiras hierarquicas. Segundo o próprio General: “criamos um time de times, conectado através de uma consciência compartilhada e execução empoderada“. Neste caso, não foram apenas slogans para vender projetos aos diretores: “Quase tudo que nós fizemos corria contra qualquer grão de tradição militar e práticas de organização. Nós abandonamos muitos dos preceitos que ajudaram a estabelecer nossa eficácia no século XX porque o século XXI é um jogo com regras completamente diferentes para nós“.
Ao inventar e incorporar o conceito de gestão VUCA, o exército conseguiu atuar de maneira eficaz e decisiva em suas incursões militares.
Para atuar num ambiente VUCA, é necessário construir habilidades que toquem diretamente em cada um dos quadrantes, mitigando seus riscos e modificando a forma como conduzimos projetos:
1. Volatilidade é mitigada através da criação de uma Visão compartilhada, e alinhamento sobre o mundo. Sense-making é talvez um ponto cada vez mais importante em nossas empresas. É preciso uma visão clara de para onde a empresa está seguindo. Assim, mesmo que as condições de negócio mudem, o time saberá a quê se segurar.
2. Agilidade é um elemento chave dentro da Gestão de Projetos VUCA. Empresas devem mover de uma cultura de Comando e Controle & Planos fixos para um contexto Ágil & Redes. Grandes projetos precisam ser quebrados em pedaços menores para que os times possam responder rapidamente às mudanças de ambiente.
3. Busque claridade através do entendimento de seu contexto de negócio e visualização da influência de suas ações nos sistemas em que você atua. Navegue pela a Incerteza através da coleta de dados e execução de experimentos para entender quais os possíveis resultados de suas ações.
4. Entenda seu contexto de negócio e não caia em fórmulas prontas como responsáveis pelo sucesso. Pratique agilidade e adaptabilidade. Seja responsivo ao ambiente e permita que soluções cheguem de diversas frentes. Crie contextos favoráveis para que os resultados surjam. Atue na complexidade através de experimentos e compartilhamento de informações.
5. Os benefícios de um projeto durante sua execução podem ser minimizados, dado o contexto dinâmico VUCA. Existe a incerteza inerente de que talvez a empresa não seja capaz de aproveitar os benefícios de um produto finalizado. Mais do que visualizar a gestão do projeto como apenas gestão de custo, precisamos nos mover para enxergar a gestão de projetos como meios de buscar retorno financeiro mais rápido durante a execução dos projetos, atentos aos custos como eficiência do processo e não objetivo final. (que tal um pouco de Custo Médio por Demanda?).
6. Um ponto chave na gestão de projeto VUCA está em constantemente monitorar a mudança nas TIDES (Technology, Institutional Change, Demographics, Environment e Societal Values). É preciso fazer forecasts do impacto destas variáveis em grandes projetos, antecipando possíveis riscos (oportunidades ou ameaças), mudando o projeto em acordo.
Muito deste novo contexto nos ajudará a construir empresas mais resilientes.
Mais sobre o assunto pode ser visto no ebook: “The VUCA Company
Espero que este texto o ajude a estudar mais, e a estar mais preparado para o mundo de oportunidades e desafios que estão por vir.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

COMITÊ SETORIAL GESPÚBLICA DO PGQP    
 GESPÚBLICA RS
PAUTA DA REUNIÃO Nº 05/2017

Data: 07/12/2017 – Quinta-feira
Local: Caixa Econômica Federal – Rua Andradas 1000 – 5º Andar – Porto Alegre
Horário: 14 às 16 horas

ASSUNTOS A SEREM TRATADOS:

  • Re-estruturação do Núcleo/Comitê Setorial Gespública - Organograma
  • Calendário de Reuniões – 2018
  • Instrumentos de auto-avaliação 2018
  • Autoavaliação da Defensoria Pública RS
  • Vídeo da FNQ – Preparando sua organização para 2018
  • Assuntos diversos


São Leopoldo, 27 de novembro de  2017



         Cassiano Leonel Drum                                                       Luiz Gustavo da Silva
 Coordenador Gespública-RS                                                       Secretário Executivo



Núcleo Setorial do PGQP GesPública RS
Contatos:
E-mail do grupo: gespublicars@googlegroups.com
Grupo no Facebook: Núcleo Gespública RS
Coordenador Geral: Cassiano Leonel Drum

(051) 98209-5599

SÓ A AMAZON SERIA CAPAZ DE TRANSFORMAR UM MERCADO SEM CAIXAS EM REALIDADE





Nesta última segunda-feira, a Amazon apresentou a Amazon Go, um mercado de verdade, mas com um detalhe diferente: não há caixas. Você pega o que quer e vai embora. O pedido aparecerá posteriormente em sua conta da Amazon. Não há caixas, filas ou tempo perdido procurando pelo cartão de crédito. E ainda que muitos especialistas concordem que a Go pareça mesmo com o futuro do varejo, é menos claro se a Amazon tem todas as cartas na manga.
Há apenas uma Amazon Go até o momento, na cidade natal de sua matriz, Seattle, ocupando um espaço relativamente conservador: 167 metros quadrados. Nele é possível encontrar produtos perecíveis como pão, leite e queijo, assim como lanches industrializados e alimentos frescos. De acordo com a Amazon, para entrar na loja e começar a comprar você só precisa do aplicativo da Amazon Go. Ou melhor, é o que você vai precisar quando a Amazon decidir abrir a loja para todos. No momento, apenas funcionários da Amazon tem acesso à Amazon Go em uma versão beta, tendo sua data de inauguração para o público marcada para o início de 2017.
Já em relação ao lado prático do sistema “Pegar e Ir Embora” e como ele funciona, a Amazon parece enfática em não querer compartilhar os detalhes. Sua descrição de como o sistema funciona surge apenas na forma de palavras de efeito: visão computacional, fusão sensorial e sistema de aprendizagem profunda. O sistema utiliza sensores por toda a loja e inteligência artificial para dizer para onde os clientes estão olhando, até mesmo em lojas cheias (até Mesmo em uma multidão), e tem a capacidade de identificar embalagens parcialmente obstruídas. Muito (deletar?) Além disso, os detalhes são vagos.
Mas isso não quer dizer que seja fantasia. Na verdade, especialistas em tecnologia no varejo e especialistas em visão computacional concordam que o sistema anunciado pela Amazon é totalmente possível, uma vez consideradas as condições de inteligência artificial, de tecnologia RFID, de sensores e de máquinas com capacidade de aprendizado que existem hoje. Ninguém nunca juntou todas estas peças da maneira com a qual a Amazon parece ter feito, mas também, ninguém é a Amazon.
 A Escolha da Amazon
Não é que empresas de tecnologia no varejo já não estejam se empenhando em rastrear as pessoas enquanto elas exploram lojas físicas e fazem compras. Empresas como a RetailNext, Euclid e Nomi, entre outras, compartilham desta tendência. É do interesse do estabelecimento rastrear as pessoas, não apenas para que possam vender mais produtos aos seus clientes e divulgar promoções dentro das lojas. Coletar informações sobre como seus clientes se movem dentro da loja e o que compram pode ajudá-los a projetar tendências de compra, decidir como reorganizar seu layout e obter melhores resultados para seus acionistas, entre outros benefícios.
Entretanto, de acordo com Brent Franson, CEO da Euclid Analytics, o que a Amazon Go consegue fazer que tentativas passadas não faziam é vincular os produtos às pessoas, dando às lojas a habilidade de rastrear seus clientes através do endereço de Wi-Fi de seus celulares, conectando-os (Ajudando o celular interagir) aos itens físicos (outras empresas utilizam ferramentas como análise de vídeo e beacons). “Vai ser necessário algo novo para resolver o problema de vincular os produtos às pessoas ao sair da loja, ou pelo menos de algo que nós ainda não conhecemos”, diz Franson. “Ligar os dois com 100% de precisão é um problema difícil de resolver.” Se a Amazon obtiver qualquer resultado menor que 100% de precisão, destaca Franson, significa que alguém poderá roubá-los ou que a Amazon cobrará do cliente algum item que ele não comprou. E ambos cenários são inaceitáveis.
Para complicar ainda mais, de acordo com Arun Nair, CTO e co-fundador da RetailNext, o ato de comprar é complexo. Fregueses (Compradores) muitas vezes devolvem itens para as prateleiras erradas. Certos alimentos, como verduras e legumes, são cobrados por peso. Famílias e outros grupos precisam de um carrinho virtual em conjunto, ao invés de serem cobrados individualmente de acordo com o smartphone de cada um.
Mas a Amazon pode estar em uma posição única para resolver estes problemas. Ela conta com uma rica experiência proveniente de outros setores de suas vastas operações, como sua expertise em armazenamento e seleção de itens em seus inúmeros depósitos, além da competência de sua inteligência artificial representada pela assistente virtual Alexa, que poderá auxiliar nestas barreiras. “Os elementos necessários para construir esta tecnologia já estão lá”, diz Nair.
De acordo com David Luan, CEO da startup de inteligência artificial Dextro, a Amazon provavelmente deve utilizar uma combinação de sensores e tecnologias, como ela mesma diz. Seria necessário visão computacional para saber para onde as pessoas estão olhando e o que estão pegando, sensores nas prateleiras, um aplicativo que ligue o usuário à sua identidade (a leitura de um código QR e passagem por uma roleta ao entrar na loja serão provavelmente primordiais nesta questão), e talvez algum tipo de tecnologia RFID aprimorada para verificar os itens.
Mas qual é a maior vantagem da Amazon ao resolver todos estes problemas? Ela dirige todo o ecossistema. “A Amazon controla o que é estocado na loja”, diz Luan. “Assim, ela pode selecionar itens fáceis de serem identificados, podendo evitar problemas mais complicados por muito tempo.” É difícil que a Amazon cometa erros quando é ela mesma que controla quem entra no espaço, a infra-estrutura do espaço e os produtos contidos no espaço. E mesmo que ainda haja muito que solucionar, é para isso que servem as versões betas.
Por enquanto, Franson da Euclid sugere que você tenha cautela ao confiar no que a empresa diz. “Se eu fosse criar o conceito de supermercados do zero, eu teria feito algo assim”, diz Franson. “Eu acredito que isso seja o futuro do varejo. Eu só esperava, até ouvirmos sobre isso, que seria um pouco mais no futuro do que parece. Ou que a Amazon está fazendo parecer.”