As empresas precisam de um propósito
Para o presidente da agência de publicidade BrightHouse, é fundamental que as companhias brasileiras explorem sua verdadeira vocação para que obtenham resultados melhores
Por Nicholas Vital
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Reiman, da Brighthouse: os consumidores não querem apenas produtos, mas conceitos (Fabiano Accorsi)
O publicitário americano Joey Reiman, de 57 anos, tem uma relação estreita com o Brasil. Em sua primeira visita, em 1969, viu o homem chegar à Lua em uma pequena televisão instalada em um bar de Fortaleza. Apontado pela revista americana Fast Company como um dos gurus que vão mudar o jeito como trabalhamos, Reiman voltou ao país 40 anos depois. Ele quer ajudar as empresas brasileiras a identifi car seu “propósito” — e lucrar com isso.
1) EXAME – O que é o conceito de propósito?
Joey Reiman – Propósito pode ser defi nido como um modo único e autêntico por meio do qual sua marca fará a diferença no mundo. É um conceito transformador para o profi ssional de branding. Uma empresa com propósito não pensa apenas em seus clientes, mas também em seus funcionários, colaboradores e na sociedade como um todo. Uma pergunta que sempre fazemos a nossos clientes é: o que o mundo perderia caso sua empresa deixasse de existir?
2) EXAME – Como isso pode impulsionar as vendas?
Joey Reiman – O principal motivo é que o propósito dá um signifi cado maior à existência da empresa. Um exemplo hipotético é o de uma fábrica de salgadinhos que tem o propósito de ajudar a combater a depressão infantil. Isso cria um significado maior para sua existência e estimula as vendas.
3) EXAME – Pode dar um exemplo concreto de empresa com propósito?
Joey Reiman – A Apple é um ótimo exemplo. Steve Jobs é muito claro quando diz que sua empresa não vende computadores, ela vende design, inovação e criatividade. Isso faz com que os consumidores de todo o mundo venham até ele. Prova disso é que a Apple ainda não tem nenhuma loja ofi cial no Brasil, mesmo assim, hoje já existem milhares de iPads no país.
4) EXAME – Mas como atribuir o sucesso de uma empresa ao fato de ela ter um propósito?
Joey Reiman – Dou outro exemplo. A Graco é uma das maiores fabricantes de assentos infantis e carrinhos de bebês do mundo. Antes, limitava-se a fabricar e vender seus carrinhos e faturava 450 milhões de dólares. Hoje, tem o propósito de ajudar os pais a criar melhor seus fi lhos. Em uma década, o faturamento mais que dobrou, para 1,3 bilhão de dólares.
5) EXAME – Já temos casos desse tipo no Brasil?
Joey Reiman – Há três anos, fi zemos um trabalho para a Alpargatas visando à internacionalização das sandálias Havaianas. Descobrimos que a marca vai muito além dos chinelos. Ela vende a alegria de viver do povo brasileiro e hoje é um sucesso de vendas em todo o mundo.
6) EXAME – Outras empresas brasileiras já perceberam esse fenômeno?
Joey Reiman – Poucas. No geral, as companhias brasileiras ainda não perceberam essa grande oportunidade. Elas ainda precisam descobrir seu propósito.
7) EXAME – Como o senhor avalia o mercado brasileiro de publicidade e propaganda?
Joey Reiman – É um mercado imenso, com ótimas possibilidades de crescimento no médio e longo prazo. Acho que a subsidiária brasileira da BrightHouse pode se tornar maior que a matriz, nos Estados Unidos, em dois anos.
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