segunda-feira, 31 de dezembro de 2018


31 DE DEZEMBRO DE 2018
DAVID COIMBRA

O ano em que a social-democracia foi à lona


Lá adiante, vivendo no saudável distanciamento histórico, que fica no lugar de onde se vê o que já não existe mais, lá adiante, as pessoas talvez olhem para 2018 como o ano em que a social-democracia sofreu o definitivo gancho no bico do queixo. Você sabe: é aquele murro que faz o cérebro bater contra as paredes da caixa craniana e leva o lutador a nocaute. Quer fazê-lo sentir dor, atinja-o rim. Quer fazê-lo dormir, bico do queixo. No começo da década, a social-democracia começou a receber golpes nas ilhargas, enfraqueceu-se, abriu a guarda e, em 2018, foi à lona.

Você pode achar abstrato falar em "social-democracia". Pode achar que essa discussão não faz parte do seu dia. Ao contrário. A social-democracia, depois da II Guerra Mundial, passou a ser identificada como o sistema político-administrativo ideal em quase todo o Ocidente. O bom sucesso da Alemanha foi o maior responsável por esse conceito. O grande campeão da social-democracia, Willy Brandt, chegou a ganhar o Nobel da Paz, e, antes dele, Konrad Adenauer não se dizia social-democrata, mas, em sua atuação, é claro que era.

Assim, a Europa inteira foi se tornando social-democrata, às vezes mais à esquerda, às vezes mais à direita. O Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, a Coreia do Sul, o Japão também aderiram a tipos flexíveis de social-democracia. Nos Estados Unidos, a social-democracia de Roosevelt foi festejada como a redentora do país depois da crise dos anos 1930. Houve interregnos reformistas, como nos períodos de Reagan e da sua mentora britânica, Margaret Thatcher, mas, em geral, os governantes de maior prestígio nos dois lados do Atlântico, Clinton, Obama, Tony Blair, eram sociais-democratas.

No Brasil, o pensamento social-democrata foi absoluto. O lema do governo Sarney era "tudo pelo social". O PT não é comunista coisa nenhuma; é social-democrata. E o PSDB leva a social-democracia no nome. Se você examinar detidamente as ideias dos políticos brasileiros, constatará que quase todos são sociais-democratas, dos mais à esquerda aos mais à direita. Alguns não têm ideia nenhuma, é verdade, mas, se você perguntar no que eles acreditam, eles apontarão para a ideia social-democrata do vizinho.

Em 2018, a lógica da social-democracia foi fraturada. Mas que lógica é essa, afinal? Em uma frase: é a de que os ideais de liberdade e igualdade sejam garantidos dentro de uma economia de mercado bem regulada pelo Estado.

As pessoas não acreditam mais nisso. De cinco anos para cá, elas têm explodido em revoltas ocasionais contra pedaços dessas convicções. Em geral, elas nem sabem com exatidão por que estão se rebelando, como nos recentes protestos dos coletes amarelos na França ou nas marchas de 2013 no Brasil, mas o fato é que elas estão insatisfeitas. Donde, o sucesso de Bolsonaro, de Trump, do Brexit et caterva.

Em toda parte, no Ocidente, as pessoas estão gritando que, com a social-democracia, o Estado adquire muita fluidez e muita abrangência, enquanto perde sua força de controle das relações sociais. Na América Latina, a situação é mais grave: o Estado parece existir apenas para continuar existindo. Ele se retroalimenta. Deveria ser uma entidade criada pela sociedade para servi-la, mas é ele que se serve dela. A sociedade se sacrifica para manter vivo um Estado cada dia mais faminto, cada dia mais exigente.

A social-democracia foi ao chão em 2018. Está vencida e desacordada. Ainda poderá se levantar. Mas terá de mudar.

DAVID COIMBRA

31 DE DEZEMBRO DE 2018
RBS BRASÍLIA

Jair e a posse dos sonhos


Forjado no antipetismo e embalado pelo discurso da segurança, Jair Bolsonaro tem tudo para viver a cerimônia de posse que sempre sonhou. Diante da expectativa de um público recorde na Esplanada, ele mesmo tratou de animar ainda mais seus apoiadores: guardou para as vésperas do evento o anúncio da publicação de um decreto para facilitar a posse de armas. É uma bandeira simples de campanha, que atinge em especial uma demanda do homem do campo. Isso não quer dizer que as pessoas poderão andar armadas por aí, mas que será mais fácil ter um revólver dentro de casa. 

A medida aquece os negócios da indústria de armas e empolga o eleitor clássico de Bolsonaro, mas é uma ilusão. O problema da segurança no Brasil não passa pela flexibilização do Estatuto do Desarmamento. O futuro ministro da Justiça Sergio Moro sabe disso, mas apoiou o anúncio do futuro presidente. Sabe que é importante que o chefe assuma com medidas que inflamem a alta popularidade. Outras ações do mesmo quilate já estão no forno para os primeiros dias de governo.

PRESENTÃO

Petistas passaram o final de semana nas redes sociais, justificando a decisão nada democrática de não participar da posse do presidente da República eleito, colocando lenha na fogueira da polarização. Mas quem ganha é Bolsonaro, que recebe de presente mais um motivo para legitimar o discurso do "nós contra eles".

CONDIÇÃO

José Fogaça (MDB) optou por não assumir automaticamente a vaga de suplente de Osmar Terra, que será ministro da Cidadania. Como a Câmara está em recesso, ele avisa que só assumirá se houver convocação extraordinária ou for chamado para comissão representativa. O cargo poderá ficar vago por 30 dias, uma economia de R$ 33,7 mil.

NO HORIZONTE

O Estado deve receber nos próximos quatro anos pelo menos R$ 300 milhões para investimentos em aeroportos. A principal obra deve ser a construção de um novo terminal em Caxias do Sul. O aeroporto vai funcionar no distrito de Vila Oliva. Segundo o diretor de investimentos da secretaria de Aviação Civil, o gaúcho Eduardo Bernardi, os recursos estão garantidos.

Feliz Ano-Novo!

Colaborou Silvana Pires - CAROLINA BAHIA

31 DE DEZEMBRO DE 2018
ARTIGOS

ROMPER COM O QUE DIVERGE, BUSCAR O QUE CONVERGE


O 2019 que se inicia deve ser o ano desenhado a partir dos obstáculos acumulados em 2018. O Estado se debate na maior crise de sua história. Há desafios decisivos em todas as áreas. Conhecemos as dificuldades e procuramos montar uma equipe de alta eficiência, tanto tecnicamente quanto politicamente. Estamos preparados para enfrentar os desafios.

O 2019, no entanto, pode ser o ano em que o Rio Grande exorcizará a sina de território simbólico rachado, em que as rivalidades se tornam irreconciliáveis e o irracional prepondera sobre a razão simplesmente porque a solução não foi proposta por si, mas pelo outro.

Como governador, mais do que desejo, é meu dever propor o rompimento dessa cultura que muito já nos tirou e, ao fim, nos levou à situação em que nos encontramos hoje.

Afirmo meu compromisso de lutar no Rio Grande do Sul por duas causas: uma, imediata, a saída da crise e a retomada do crescimento econômico; outra, estratégica, de deflagrar o processo de um Estado de vanguarda, inovador e receptivo a quem quiser empreender e provedor de serviços de excelência em saúde, educação, segurança.

Tenho trabalhado intensamente desde as eleições para promover a conciliação junto a aliados e adversários, por convicção de que, separados, não chegaremos a lugar algum, e a certeza de que as receitas anteriores não mais nos servem.

A finalidade é dizer não ao que diverge; buscar à exaustão o que converge e romper com o arquétipo positivista que conduziu a política rio-grandense desde o final do século 19: adversário é inimigo, opostos não se atraem. Reconstruir as bases do Estado a partir do que nos une e não do que nos separa é o desafio que aceitei.

Cabe destacar que o propósito não é, em si, unir, mas unir em torno do propósito. E esse 2019 que se inicia tem a chance de passar para a história como o ano em que o gaúcho quebrou de vez a polarização, o atraso, e finalmente se uniu em torno de uma proposta sublime: resgatar de fato a grandeza que a sua querência carrega no nome e fazer desse efetivamente um lugar que sirva de modelo, próspero, seguro, amigável e, por isso, cada vez melhor de empreender e viver.

Para 2019 cumprir esses propósitos depende apenas de nós. De todos nós.

EDUARDO LEITE

31 DE DEZEMBRO DE 2018
INDICADORES

De pedra a vidraça


Como no ditado popular: ser pedra ao invés de vidraça, para muitos, talvez para a grande maioria das pessoas, é muito mais fácil. Não é raro encontrarmos nas rodas de conversas aqueles que são capazes de julgar tudo e todos, mas incapazes de olhar para dentro e pensar no que poderiam fazer para ser melhores como cidadãos ou, efetivamente, ser agentes do bem nos seus núcleos e perante a sociedade!

Infelizmente, tornamo-nos hábeis em apontar o dedo e fazer acusações, sem conhecer todos os fatos. Cometemos injustiças impulsionados pela abundante informação e muitas vezes pelas comuns fake news. Bastam alguns cliques nos nossos smartphones que nos sentimos os "espertos", com o perdão do trocadilho, capazes de executar sentenças contra atitudes ou pessoas sem sequer checar as fontes. E isto vale para todos os aspectos da vida. Trata-se da máxima de que ser oposição é muito mais simples do que ser governo ou "mais fácil criticar do que fazer"!

Mas temos que inverter esta lógica nefasta para construir uma país melhor! Precisaremos agir de forma ativa, saindo da passividade crítica e passando para a proatividade com resultado. Para isso, temos um novo impulso com o governo federal. Parece que, finalmente, há ventos de mudanças e este fato já nos motiva a aderir a outros projetos. Aliás, novo governo que de pedra passa a ser vidraça e já vem sofrendo com estilhaços de atitudes pretéritas de seus atuais aliados.

Não é fácil, em nenhum sentido. Simples é falar, mas difícil é levar uma vida "à prova de bala", capaz de afastar qualquer acusação, ainda mais em posições públicas. Assim, para 2019, desejo que possamos olhar profundamente para dentro, para aquilo que podemos evoluir como pessoa, pois só assim melhoraremos a situação ao nosso redor. Deixemos as pedras de lado e busquemos tijolos e argamassa para construir um Brasil melhor, para que, no final do próximo ano, estejamos muito mais esperançosos do que estamos hoje. Enfim, que venha o ano novo e que possamos ser suficientemente fortes para transformar ao invés de apedrejar.

Feliz 2019!

Michel Gralha escreve às segundas-feiras, mensalmente - MICHEL GRALHA

31 DE DEZEMBRO DE 2018
ROSANE TREMEA

Ano-Novo, ainda Natal


Se fosse possível, viveria sempre numa manhã de Natal. Numa manhã de Natal, com uns cinco ou seis anos, comi o pé do Menino Jesus. Como eu poderia imaginar que não era um doce de açúcar, um marzipã, aquela figura do nosso presépio de gesso? Noutra manhã de Natal, com uns cinco ou seis anos, escondi um dos Reis Magos para proteger um gato que decepou-lhe a cabeça ao invadir a sagrada área sob a árvore. 

Por décadas, as duas figuras continuariam no nosso presépio assim, meio prejudicadas: o pequeno Jesus com aquela cicatriz amarelada marcando para sempre a travessura infantil; o Rei Baltasar seguiria seus dias com um colar de cola branca no pescoço negro.

Numa manhã de Natal, uma menininha de uns sete ou oito anos me perguntou, daquele jeito à queima-roupa, se eu ainda acreditava em Papai Noel. E eu, sem titubear, respondi que sim. Ela suspirou aliviada. Ainda bem que acreditava, pois descobrira que a avó tinha dúvidas. E eu suspirei aliviada também: poderia ter sido pior se a menina fosse americana e tivesse ligado para o presidente Trump ao invés de interpelar a avó - a incerteza teria virado desilusão ali mesmo, ao pé da árvore.

Numa manhã de Natal, uma menina de quatro anos, sem dúvidas sobre a existência de Papai Noel, encantada com os presentes que ele lhe havia deixado depois de entrar diligentemente pela lareira, deu-se conta de que só havia pacotes para ela. Pois então ninguém mais naquela sala havia se comportado? Só ela? Todos, flagrados e desmascarados, riram um riso amarelo.

Numa manhã de Natal, sem ter com quem deixar o filho, a mãe carregou o menino de cinco anos para o trabalho. Parecia não haver fantasia ou magia na cena. A criança abandonada pelo pai com meses de idade mal falava. A mãe falou pelas duas. Falou das marcas, nem todas visíveis, de uma vida de sacrifício e abnegação. Do trabalho duro para que, numa manhã de Natal, o menino franzino portasse orgulhoso as sandalinhas tinindo de novas. Não havia magia, mas o amor transbordava daquela fala.

Numa manhã de Natal, outra menina de cinco anos, feliz não pelos presentes, que esses ela tinha bastante, mas pela atenção exclusiva de todos os adultos à volta, que brincavam e riam e se divertiam com ela, suspirou uma frase: "Meu coração está cheio de gente". Um jeito de dizer que se sentia feliz e amada.

E eu pensei que seria bom viver sempre uma manhã de Natal todos os dias do novo ano. Com o coração cheio de gente.

ROSANE TREMEA


31 DE DEZEMBRO DE 2018
CARPINEJAR

Tubo de mostarda e ketchup

Grande parte das discussões de casal é resultado da pura antipatia para comparecer na casa dos pais da esposa. As brigas têm o seu ápice no Natal e Ano-Novo, quando os parentes são passagem obrigatória.

É um diz que diz infernal. O pior tipo é aquele que aceita passar a data comemorativa com a família do outro, mas coloca defeito durante os dias que antecedem o encontro. Quer transmitir a imagem de aliado da boca para fora, já que aceitou o convite, mas, na verdade, deseja um golpe de Estado e derrubar a alternativa. Instaura uma conspiração pelo WhatsApp com fake news.

Começa com o interrogatório gratuito, esperando localizar um impedimento: quem vai estar lá, o que terá de comida, onde será feita a confraternização, e se chover, e se aparecer o tio bêbado?

São vésperas catando tragédia, arrumando sarna para se coçar, montando o cenário mais escabroso e inverossímil. Com as respostas sempre otimistas de sua companhia, ele não desiste de seu projeto maquiavélico.

Tenta puxar para o lado do romance: "Seria tão bom se tivéssemos um momento nosso, se ficássemos a sós, namorando". Não surtindo efeito, distribui culpa com as imagens da mãe velha e do pai velho, alegando que talvez seja a última ceia deles, o último réveillon deles.

Não alcançando o cancelamento, investe pesado na avareza: "Não tenho dinheiro para comprar presente para todo mundo". E traz à tona implicâncias antigas com o sogro e com a sogra, com os irmãos, com as mulheres dos irmãos, com os sobrinhos emprestados. É uma fofocalhada de que nenhuma terapia de uma hora dará conta.

Pelo simples motivo de não desejar ir, destrói as bases familiares de seu amor, de onde ele saiu, para o bem ou para o mal. Não vê que fragiliza quem gosta, fortalecendo ressentimentos e renovando mágoas. É um antiesportista, disposto a destruir as raízes de alguém especial para não ter mais ninguém pela frente em seu caminho. É como um tubo de mostarda e de ketchup no fim: só espirra, só faz barulho, não tempera mais nenhuma conversa.

No fim, isolado em sua maldade, ele vai contrariado para a reunião e se diverte mais do que a esposa, que não consegue relaxar um minuto após tamanho terrorismo e desconfiança.

CARPINEJAR

sábado, 29 de dezembro de 2018

10 Tendências de Empreendedorismo e Mercado Para 2019

Como se Identificam as Tendências de Mercado e Empreendedorismo?

Para isso, é preciso olhar não apenas para o tipo de produto e serviço que está em alta demanda, mas também para as perspectivas futuras.


Identificar as principais tendências do mercado e do empreendedorismo é essencial para se diferenciar da concorrência já estabelecida e para criar diferenciais competitivos em novos negócios.
Para isso, é preciso olhar não apenas para o tipo de produto e serviço que está em alta demanda, mas também para as perspectivas futuras. Vamos entender melhor?
Como explica o dicionário Priberam, tendência significa “ação ou força pela qual o corpo tende a se mover para alguma parte”.
Isso quer dizer que o termo se refere a quanto uma determinada situação está propensa a acontecer, e não a uma transformação inevitável.
No mundo dos negócios, uma tendência de mercado é uma corrente seguida por um amplo número de pessoas ou empresas com objetivos semelhantes, geralmente associados à rentabilidade daquele tipo de produto ou serviço.
Essas “apostas” são influenciadas por diversos fatores, como o desenvolvimento do mercado, hábitos e costumes do consumidor e avanços tecnológicos.
E as empresas do setor, é claro, precisam se adaptar – ou enxergar, de longe, novos concorrentes abocanharem fatias importantes de sua clientela.
Então, como elas identificam essas tendências de empreendedorismo e mercado?.
Um método muito conhecido são as pesquisas. Elas podem ser realizadas por meio de diferentes processos, como os questionários online, grupos focais e etnografia (análise de dados com foco em determinados grupos) .
Essas avaliações podem ser realizadas pela própria empresa, terceirizadas ou captadas por meio de estudos gratuitos e públicos.
Além disso, observar a atuação de grandes players, verificar o comportamento das empresas e avaliar ações concorrentes são medidas interessantes para descobrir informações de alta valia.
Depois de identificadas, as tendências atraem os olhares de diversos empreendedores que querem abrir novos negócios ou adaptar sua empresa com essas perspectivas.
Afinal, como Ray Kroc, antigo dono do McDonald’s e um dos responsáveis pelo crescimento do negócio, disse certa vez:
“Para ter sucesso, você precisa ser ousado, ser o primeiro e ser diferente”.

Top 10 Tendências de Empreendedorismo para 2019

Aproveite esta lista com as 10 maiores tendências de empreendedorismo para o ano que se aproxima.


O ano de 2018 ficou marcado pela alta em alguns tópicos do ambiente corporativo, como os serviços de cashback e o crowdfunding.
Como o mercado é flutuante, algumas tendências permanecem para o ano seguinte, outras se modificam e há aquelas que acabam desaparecendo ou sendo substituídas.
Em 2019, certamente novas ideias vão surgir e, se você quer saber quais são as principais delas, fique de olho nas linhas a seguir.
Abaixo, você encontra uma lista com as 10 maiores tendências de empreendedorismo para o ano que se aproxima.

1. Software as a Service – Software como Serviço

Reconhecidos pela sigla SaaS, essa é uma tendência que surgiu com muita força nos últimos anos e deve se estabelecer ainda mais como um forte nicho de mercado em 2019.
Resumidamente, trata-se da comercialização de softwares acoplado aos serviços oferecidos por uma empresa.
Isso inclui toda a estrutura necessária para a perfeita utilização do programa, como a segurança dos dados, servidores e atualizações.
Normalmente, esse sistema se baseia no formato de assinaturas e exige a conexão com a internet para implementação da aplicação e comunicação entre clientes e prestadores de serviços.
Um exemplo muito famoso é a própria fundadora da indústria, a Salesforce, que oferece, como principal produto, uma plataforma de CRM.
Fornecedora de grandes empresas ao redor do globo, alcançou grande sucesso ao implementar a cultura do customer success em seu processo de vendas.
Essa é, inclusive, a grande jogada nesse mercado para o ano seguinte: o foco no cliente.
E existem diversas outras possibilidades para investimentos no setor, como a automação de processos, aplicativos para dispositivos móveis e desenvolvimento de novos modelos de negócios.

2. Mercado da Experiência Única ao Usuário – Economia de Experiência

Embora tenha sido criado há quase 20 anos, o conceito da Economia da Experiência atrai ainda mais interesse nos dias atuais.
Segundo os especialistas em mercado da Universidade de Harvard Joseph Pine e James Gilmore, em artigo na Harvard Business Review, a grande prioridade das empresas deve ser a promoção e venda de experiências únicas e memoráveis.
Um exemplo citado por muitos professores de especialização em negócios é o da Coca-Cola. Quando uma pessoa compra o produto, há um valor intangível agregado. O líquido contido dentro da lata é importante, assim como seu sabor.
Mas a associação a bons momentos, desenvolvida ao longo dos anos, também faz parte da compra do cliente. Por muitos anos, a empresa investiu nessa percepção, incorporando ao consumo ideias como prazer, prática de esportes, reuniões familiares, entre outras.
No meio digital, esse paradigma sofreu algumas mudanças. A área de Experiência do Usuário (UX) tem o objetivo de proporcionar uma boa experiência para o usuário quando ele entra em contato com algum canal ou material relacionado à marca.
Nessa preocupação, entram sites, blogs, aplicativos móveis, ferramentas e atendimento ao consumidor. E, é claro, cuidados com navegabilidade, usabilidade, funcionalidade e acessibilidade são primordiais.
Nesse cenário, fazer com que o internauta sinta-se à vontade, navegue com objetividade e não encontre “bugs” pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso de um negócio.

3. Aplicativos e Tecnologia DisruptivaTratamos de quebra de padrões.


Disrupção poderia ser classificado como o ato de romper uma cadeia. Quando falamos sobre a tecnologia disruptiva, tratamos de quebra de padrões. No ambiente de constante melhoramento tecnológico como o atual, é muito comum que pensemos que a progressão linear é o único caminho a ser seguido.
Mas transformar e modificar completamente os modelos de negócio, em um movimento que não segue a melhoria gradual, parece ser a tendência do momento.
Esse conceito é muito popular em cenários de inovação, principalmente no Vale do Silício. Não é à toa que diversas startups que quebram modelos tradicionais surgem no local. Inclusive, você provavelmente já adequou à sua rotina diversas tecnologias disruptivas.
E aqui estamos falando de Netflix e Spotify.
Antigamente, o mercado do entretenimento seguia parâmetros completamente distintos, até que essas empresas chegaram para mudar o segmento. O mesmo aconteceu com a Uber no setor de transporte, a Nubank no ramo financeiro e a Airbnb na hotelaria.
Nesse caso, a curva de evolução não é gradual, e o ineditismo fez a diferença.
Um futuro promissor certamente aguarda a quem estabelece novos modelos de tecnologia e negócios.

4. Trabalhar e Fazer Gestão de Equipes Remotamente – Home Office

Hoje muito se fala sobre os novos modelos de gestão de equipes em trabalho remoto.
O chamado home office é uma tendência porque apresenta diversos benefícios, tanto para as empresas quanto para os colaboradores. Trabalhar de casa é o sonho de muitas pessoas, o que pode ser alcançado sem maiores problemas diante das condições tecnológicas atuais.
Para a corporação, as vantagens são muitas. Entre elas, estão o corte de gastos e o aumento da produtividade. Nesse sentido, a adaptação a esse novo modelo é muito importante.
Ferramentas que facilitam a comunicação à distância, por exemplo, precisam ser exploradas. No mesmo nível de importância, encontram-se as plataformas que avaliam o trabalho não pelo tempo, mas pela produção e alcance de metas de performance.
Muito disso atribui-se ao fato de que os millennials, geração que participa ativamente da revolução digital, está chegando a cargos mais relevantes na hierarquia de trabalho.
Uma pesquisa realizada por uma série de corporações, como Trello, Opinion Box e Rock Content, mostra que mais de 34% das empresas pretendem investir no sistema remoto.
O mesmo estudo ainda revela que o home office melhora a produtividade, qualidade de vida e diminui os custos do profissional.

5. Mercado de Marketing Interativo

O marketing interativo não se foca apenas na aquisição de clientes.


Outra tendência em franca expansão é o mercado de marketing interativo. Esse sistema funciona de maneira algorítmica. Ou seja, recolhe dados para aperfeiçoamento da própria estratégia.
Explicando de forma mais clara, essa ação de marketing visa a interagir com as pessoas e, diante das respostas adquiridas, formular novas ações e interações, de maneira cíclica.
Nesse caso, podemos estabelecer uma conexão infalível entre as ações de marketing e o relacionamento com o cliente, que também é beneficiado pela adequação às suas preferências. O marketing interativo não se foca apenas na aquisição de clientes, mas também no desenvolvimento da chamada lealdade da marca.
Ou seja, é mais valioso e barato que um mesmo cliente compre vários produtos (já que concedeu a permissão para recolhimento de dados) do que captar novos consumidores.
Baseando-se nas informações recolhidas, o negócio deve adaptar-se às novas expectativas dos consumidores e realizar modificações no produto ao serviço para melhor atender àqueles que já são clientes.

6. A Internet das Coisas – “Internet of Things – IoT”

O conceito de internet das coisas é bem fácil de compreender: basicamente, trata-se da inserção da web em todos os objetos que nos rodeiam no cotidiano.
O que não falta na atualidade são iniciativas voltadas para o aumento do alcance da internet no mundo.
Grandes players da tecnologia, como Elon Musk (Tesla e SpaceX) e Mark Zuckerberg (Facebook) investem parte de seus recursos na criação de satélites para conectar todos os habitantes do planeta.
E, a julgar pelo desempenho dos dois em seus campos de atuação, terão sucesso nessa empreitada. Hoje a internet já está presente na vida de 54,4% das pessoas, um número impressionante se considerarmos que há dez anos só atingia 17,2% da população.
O termo que se popularizou em inglês, Internet of Things (ou somente IoT), estabelece uma nova realidade para as conexões entre objetos que se conectam e se comunicam.
Pense bem: há pouco tempo você consideraria impossível a computação na nuvem, por exemplo. Atualmente, já é possível tirar uma foto no celular que irá diretamente para o seu computador e ainda ficará armazenada, para sempre, em um sistema seguro, confiável, online e gratuito. E até transferir dinheiro entre duas contas com a simples aproximação de dispositivos móveis.
Mas, é claro, a internet das coisas vai muito além disso.
O mesmo celular que tira foto, transmite para a nuvem e ainda paga contas também pode desligar as luzes da casa, programar o ar-condicionado, controlar a televisão, fazer compras online quando a geladeira alertar para a falta de frios…
E muito, muito mais. Dispositivos vestíveis como smartwatches e óculos, videogames, eletrodomésticos, móveis, veículos e até mesmo construções já são conectados por meio da internet.

7. Serviços de Automação


Processos automatizados geram economia de tempo e recursos, elevando a um novo patamar a produtividade das empresas.

Não há dúvida de que a automação de processos se tornou um dos principais objetos de estudo de grandes empresas de tecnologia ao redor do mundo.
Apesar da preocupação da substituição da mão de obra humana em todos os setores, os cientistas contemporâneos defendem a tese de adaptação dos empregos tradicionais para novas atividades do mercado.
Processos automatizados geram economia de tempo e recursos, elevando a um novo patamar a produtividade das empresas.
No marketing, por exemplo, já são muitas as ferramentas utilizadas.
Chatbots estabelecem comunicação com clientes, plataformas enviam listas de e-mail, aplicativos criam relatórios para análise de dados.
Mas, é claro, a automação pode ser utilizada em qualquer nicho de mercado.
Essa tendência deve se tornar ainda mais forte nos próximos anos, já que ainda há muito trabalho operacional que pode ser acelerado.

8. Mercado de Segurança Digital

Mais uma vertente em crescimento que deve se expandir em 2019 é o mercado de segurança digital.
O novo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), na União Europeia, traz um novo panorama para o setor.
Ele entrou em vigor em 2018, e há uma enorme preocupação de diversas empresas para adaptação ao novo sistema.
Mesmo aquelas que não se localizam no território europeu podem ser prejudicadas caso recolham dados dos usuários residentes no continente.
Com as novas regras, é necessário prestar contas às instituições responsáveis.
Isso não apenas cria novos cargos, funções e equipes, mas impulsiona todas as atividades relacionadas.

9. Eventos ao Vivo

Tendência desde 2017, os eventos ao vivo devem se firmar como uma das maiores fontes de tráfego e consumo de dados em 2019. Depois de passar por um período de adaptação e aceitação dos usuários, firma-se de vez como um modelo de conteúdo que veio para ficar.
Não é à toa que as transmissões ao vivo ganharam muito espaço em plataformas sociais de grande impacto, como o Facebook e o Instagram. Nesse cenário, crescem também outros eventos digitais de streaming, como as transmissões por meio do YouTube e Periscope, webinars e palestras.
Outro setor que também apresenta bons resultados com a utilização desse formato são os games, com aplicativos como Twitch, Hitbox e Azubu.

10. Realidade Virtual


Ao analisar as possibilidades de negócios, é importante pensar em todos os setores da economia que podem se beneficiar da realidade virtual.

Não há como negar que a Realidade Virtual (IR) terá uma participação muito mais ativa no ano de 2019. O desenvolvimento das tecnologias facilitou o acesso aos recursos de imersão.
São diversos sistemas operacionais em expansão que chegam ao lar de cada vez mais consumidores dia após dia. É claro que, por se tratar de um sistema de interação contínua e cada vez mais semelhante à realidade, prevê-se que rapidamente se tornará um utensílio muito comum.
As televisões, óculos e outros aparelhos eletrônicos já se preparam para receber as inovações. Trata-se de uma área, portanto, que fervilha com novas propostas e startups.
Ao analisar as possibilidades de negócios, é importante pensar em todos os setores da economia que podem se beneficiar da realidade virtual.
Atenção: o investimento aqui pode não ser de curto prazo, já que a adoção da tecnologia ainda engatinha.

Conclusão


Lembre-se de que a evolução tecnológica representa perdas apenas para quem não se encontra na vanguarda da inovação. Neste artigo, você entrou em contato com as principais tendências que vão transformar o cenário do empreendedorismo no Brasil e no mundo.
Mais do que se fixar em uma ou outra ideia da lista, você deve abrir os olhos para uma visão mais ampla, que compreende uma realidade de conexão total, inteligência artificial e trabalho cada vez menos operacional e mais estratégico.
Por isso, se o seu negócio ainda se apoia em uma plataforma de sustentação baseada em esforços manuais, que podem ser acelerados pelo poder computacional, é hora de buscar alternativas.
Lembre-se de que a evolução tecnológica representa perdas apenas para quem não se encontra na vanguarda da inovação.
Se você estiver no pelotão da frente, vai passar voando pelas tendências de 2019 e decolar nos próximos anos. E para isso, vale a pena conhecer o coaching.
Essa é uma metodologia de desenvolvimento pessoal que eleva o indivíduo a um novo patamar de autoconhecimento, liderança e inovação.
Com o coaching, você pode entender quais são suas maiores potencialidades e direcionar seu foco para o que realmente fará você crescer no longo prazo.
Gostou das dicas sobre as tendências do mercado e do empreendedorismo? Deixe um comentário.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018


24 DE DEZEMBRO DE 2018
ARTIGO

FELIZ NATAL


Os dados da desigualdade no Brasil sãode arrepiar. Escolha qualquer indicador,mulheres e negros estão sempre abaixode homens e brancos. No país, a renda do 1% maisrico é igual à dos 99% restantes. E ricos ficam cada vez mais ricos e pobres mais pobres.

No mundo, há 62 indivíduos com renda somada de US$ 1,7 trilhão, igual ao que ganham os 50% mais pobres do planeta. Mas nós, brasileiros, somos campeões mundiais em desigualdade.

O pior é que a maioria dos pobres no Brasil vive na periferia das cidades. Sonha com melhor emprego, transporte, segurança, saúde e educação. Mas sofre as mazelas do dia a dia. Quem mora na Restinga gasta três horas para ir e voltar do trabalho.

Não bastasse o problema da renda baixa, vida difícil ou escola ruim, a desigualdade de nosso pobre é também territorial. Pois na periferia tudo é mais precário. Tente enfartar numa vila de Porto Alegre.

Aproveitando o espírito natalino, sugiro uma reflexão sobre a vida de nosso semelhante. Tudo está difícil. A desigualdade passou dos limites. Transcende às capacidades individuais. Os mais pobres competem sempre em condições desiguais.

É claro que só sairemos do buraco se enfrentarmos a crise da Previdência, as distorções nas relações de trabalho e se tornarmos a economia mais competitiva.

Mas, sem políticas que promovam melhor distribuição de renda e serviços públicos de melhor qualidade, o Brasil nunca avançará. É preciso cuidar dos mais vulneráveis.

E isso exige patriotismo. Olhar menos para o próprio umbigo. Aceitar perder privilégios. É a única forma através da qual filhos de quaisquer brasileiros, sobretudo os mais pobres, poderão se tornar, um dia, profissionais mais competitivos.

O Brasil está ruim até para os ricos. Muitos mantêm seus negócios aqui, mas a família já foi embora, para fugir da violência. Imagine a vida de quem não tem alternativa a não ser ficar.

O melhor presente de Natal para nós, brasileiros, seria que o novo governo tentasse de fato reduzir desigualdades. Promovesse mudanças que um dia trouxessem igualdade de oportunidade para todos. Mas isto é pedir demais ao Papai Noel. 

Médico e professor gilberto.ez@terra.com.br - GILBERTO SCHWARTSMANN


24 DE DEZEMBRO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

O PAPEL DE CADA UM

Quando se aproxima a possedo novo presidente edos governadores, renovam-se as esperanças deum futuro mais digno eluminoso para o país. Esse é um dosméritos da alternância de poder, pilarfundamental de uma democraciasaudável. Apesar da solidificação das instituiçõesnas últimas décadas, a cultura políticabrasileira ainda enfrenta desafios. Dois deles, que merecem reflexão nesta hora, são o personalismo e o paternalismo, primos próximos que, quase sempre, se apresentam de mãos dadas.

O voto é apenas uma parte do que se convencionou chamar de cidadania. Escolher um presidente e um governador é delegar poder, mas não significa terceirizar ética, participação e esperança. Presidente e governador nada fazem sozinhos, embora muitas vezes, nas campanhas, se esforcem para convencer os eleitores do contrário. Cada um de nós tem papel de protagonismo, pelo exemplo e pela voz, na construção desse país mais seguro, justo e desenvolvido, clamor revelado pela apuração de 105 milhões de votos para presidente e de 5,8 milhões de votos para governador no Rio Grande do Sul. Exemplos recentes comprovam que, quando a sociedade e os cidadãos se omitem, os eleitos se julgam donos do poder. Nos últimos anos, apesar dos sobressaltos, conseguimos avançar no caminho da democracia.

Se é absolutamente imprescindível o papel das instituições, tão ou mais importante é a participação dos indivíduos

Quando se aproxima a posse do novo presidente e dos governadores, renovam-se as esperanças de um futuro mais digno e luminoso para o país. Esse é um dos méritos da alternância de poder, pilar fundamental de uma democracia saudável.

Apesar da solidificação das instituições nas últimas décadas, a cultura política brasileira ainda enfrenta desafios. Dois deles, que merecem reflexão nesta hora, são o personalismo e o paternalismo, primos próximos que, quase sempre, se apresentam de mãos dadas.

O voto é apenas uma parte do que se convencionou chamar de cidadania. Escolher um presidente e um governador é delegar poder, mas não significa terceirizar ética, participação e esperança.

Presidente e governador nada fazem sozinhos, embora muitas vezes, nas campanhas, se esforcem para convencer os eleitores do contrário. Cada um de nós tem papel de protagonismo, pelo exemplo e pela voz, na construção desse país mais seguro, justo e desenvolvido, clamor revelado pela apuração de 105 milhões de votos para presidente e de 5,8 milhões de votos para governador no Rio Grande do Sul.

Exemplos recentes comprovam que, quando a sociedade e os cidadãos se omitem, os eleitos se julgam donos do poder. Nos últimos anos, apesar dos sobressaltos, conseguimos avançar no caminho da democracia.

Se é absolutamente imprescindível o papel das instituições, tão ou mais importante é a participação dos indivíduos. Do respeito à fila à cordialidade entre vizinhos, a verdadeira Justiça também se constrói fora dos tribunais, nas relações individuais e tantas vezes invisíveis. O que chega ao Judiciário, na maioria dos casos, é a presunção de injustiça clamando por reparação.

Jair Bolsonaro e Eduardo Leite se elegeram com sólidas maiorias, mas não de forma unânime. Assim como têm o dever de governar para todos, o país e o Estado se beneficiariam se todos trabalhassem para ver o Brasil e o Rio Grande darem certo. Isso não significa abrir mão das diferenças. Reconhecer as semelhanças e trabalhar por convergências é a única forma de dar legitimidade aos pontos realmente fundamentais do embate de práticas e de ideias.

Nesta época do ano, quando se reacendem a esperança e a fé, importante lembrar que liderar não é fazer sozinho. É inspirar, ajudar, construir, dar o exemplo e motivar. Vale para o presidente, para governador e, principalmente, para cada um de nós.


24 DE DEZEMBRO DE 2018
CARPINEJAR


A árvore de Natal do gaúcho


Quando atravessava o pampa e era menino, intrigava-me quando via uma árvore solitária no descampado. Uma única árvore em dezenas e dezenas de quilômetros de verde, uma rara árvore em hectares e hectares infinitos de campo.

Não sei ao certo o que pensava, as emoções vinham misturadas. Primeiro, havia uma curiosidade: como ela nasceu sem nada ao redor, quem a plantou, que semente intrépida atravessou as coxilhas por um pouco de céu? Parecia plantada por Deus, por mãos hábeis do sobrenatural, convertendo o fim do mundo em outro início.

Depois, ela me transmitia uma melancolia, aquela árvore não tinha amigos para conversar, não contava com nenhum galho próximo para dar as mãos e fazer sinfonia, não dispunha de um semelhante para exercitar a sua linguagem. Valia-se do dialeto dos pássaros na hora de se comunicar com a vida, pois só eles a visitavam.

A compaixão encharcava os meus olhos e boca. Crescera órfã, sem pai e sem mãe por perto, ocupando o seu horizonte com bois e cavalos. Deveria ser difícil não pertencer a um bosque ou a uma turma de iguais, até para se proteger, até para ganhar colo no cansaço. Não havia nenhuma criança acessível e fácil para transformá-la em escada e mirante, nenhum peão para oferecer sombra.

Em seguida, ela me passava coragem. Uma valentia de estar sozinha na tempestade e nos ventos, obrigada a se segurar e se cuidar nos reveses do tempo. Não podia pedir socorro, bastava-se com as próprias raízes. Admirava, então, a sua independência de não depender de ninguém para ser tão bonita e frondosa. Exalava uma confiança impenetrável.

Mais adiante nas ideias, compreendia a sua generosidade, ela servia de referência aos moradores das redondezas, de cartão-ponto aos lavradores, que não se viam perdidos quando a encontravam pelo caminho.

Trabalhava, de noite, na função de bússola no mar de estrelas, apontando os seus ponteiros de madeira, e, de dia, influenciava as coordenadas dos viajantes, tal farol circular com a sua luz verde.

Desde piá, eu me percebia representado por ela, que traduzia todos os meus sentimentos por ter nascido no Estado: a solidão, a melancolia, a coragem e a solidariedade. Somos exatamente esse milagre de obstinação e força de vontade.

Tanto que acredito que a árvore de Natal do gaúcho não seja o pinheiro, mas a figueira. Porque, contra tudo e contra todos, ela se levanta para o Sol e para a Lua. Seu isolamento geográfico não a intimida, pelo contrário, a inspira a subir mais alto, a provar a sua força, quase tocando as nuvens, uma bandeira vitalícia, para ser vista de longe, para que uma criança como eu nunca se veja abandonada pelo destino.

CARPINEJAR

24 DE DEZEMBRO DE 2018
CLÓVIS MALTA

Natal para todos


Que bom e estranho seria se esse espírito do bem chamado de Natal baixasse sobre todas as pessoas, no planeta inteiro, poderoso como o das forças da natureza num terreiro de candomblé. Não importa sobre quem, se é cristão, ou ateu, ou nada, não interessa a crença, nem se as pessoas a têm ou não, nem o nome das pessoas, nem a cor, nem as escolhas, desde que estejam todas se sentindo livres e às voltas com uns desejos saudavelmente malucos. Umas vontades que, sob o clima de final de ano, nos deixam pensando se não seria possível realizá-las, por que não?, pois, se ficarem para mais adiante, talvez nem dê tempo.

Por exemplo: ir até uma praia distante, no Guaíba mesmo. Ficar mirando-a por um tempo, até constatar que o lago/rio, por ordem alfabética, para não abrirmos discussão com a galera, é lindo. E apreciar a vista.

Talvez andar pelas ruas, pelo prazer de andar. Parar sob uma árvore e prestar atenção no canto das cigarras. Pensar, por exemplo, em tudo o que se vai dispensar no mundo quando a tecnologia conseguir reproduzir esse e outros sons de forma idêntica.

Se possível, andar um pouco mais, muito, nem que seja só mentalmente, como quem caminha sobre um mapa imaginário. Andar porque só andando, não importa como, se percebe nos detalhes a beleza do mundo.

Se tiver dinheiro, tomar sorvete, comer pipoca. Tomar um ônibus urbano, sem perguntar qual, e se deixar levar pela cidade, pela vida, pelos bairros elegantes, pela periferia tão descuidada, pelos campos com esses morros de cumes arredondados. Entender que a paisagem tem tudo a ver com a dos nossos cadernos de infância. Demonstrar gratidão por isso.

Se puder, andar, amar, andar. Andar sem se deixar levar pelos pensamentos, apenas permitindo que passem como nuvens ralas.

Andar, refletir, meditar, rezar, agradecer pelas pessoas, por você, por nós, por todos, pelas oportunidades que esta existência nos dá. Ser simples, mas tão simples na busca do realmente essencial, que nem precisa dizer, pois todos vão notar.

Clamar por mais respeito aos seres, todos os seres. Pensar no sofrimento daquele homem tão sereno na cruz, no negrinho do pastoreio sendo consumido pelo formigueiro. Só para não perdermos a dimensão de até onde pode ir o horror humano.

Imaginar que os dois, o da cruz e o do formigueiro, foram bebês formosos como o da manjedoura.

Perceber que há algo igual e comum a todos, que tudo nos conecta, até a mente, até esse clima natalino, mesmo entre quem não consegue ter fé, mas então passa a conseguir, e a sentir, a fé. Pois acabou de descobri-la ali onde esteve o tempo todo, essa fé, como num milagre.

E, aí, tente imaginar o mundo inteiro nas ruas, defendendo a fraternidade. Mentalize isso, para que aconteça. Gente de todo lado possuída por esse espírito forte como Exu, com a bandeira do Natal. Do Natal que é amor pleno, sem discriminações, pois apenas acolhe, abre os braços e diz: vem.

Natal para todos.

CLÓVIS MALTA

22 DE DEZEMBRO DE 2018
ANA CARDOSO

Sejamos cadelas

Calma, calma leitora. Não é nada disso que você está pensando. O que vou sugerir neste singelo texto de fim de ano é que a gente siga mais nossos instintos em 2019, como a protagonista desta história, a cadela Raia.



É sabido que alguns animais têm inteligência emocional superior à nossa. Você certamente já observou que os pássaros voam para longe antes da tempestade, que as abelhas fogem dos venenos e que os gatos evitam ao máximo quem não gosta deles.



Há alguns Natais, em Eldorado do Sul, a pastora alemã Raia deu à luz 10 cãezinhos. Não sei quantas tetas tem uma cadela, mas 10 filhos é muita coisa para um mamífero. A bichinha não tinha sossego. Estava magra, esgotada.



Uma semana depois do parto, pela manhã, a dona encontrou Raia com apenas cinco filhotes. Onde estariam os outros? Adriana acordou o marido Rui e saíram a procurar o restante da prole pelo sítio. Depois de muito andarem, acharam um buraco, não muito profundo, a 500 metros da casa, com os outros cachorrinhos dentro.



Estavam vivos e chorando. Os humanos pegaram os cães e os levaram de volta para a casinha da cadela. Raia não demonstrou estar contente, mas os aceitou. No meio da tarde, Adriana foi conferir se estava tudo em ordem e PLUFT!, cinco cachorrinhos haviam sumido novamente.



Desta vez, já sabiam o caminho. Trouxeram de volta os filhotes. Raia não deu a mínima. Que raios estava acontecendo ali? Será que a cadela não queria os filhos? No meio da noite, Adriana acordou assustada. Levantou, e suas suspeitas se confirmaram: apenas metade deles estava na casinha, com a mãe. Adriana, no meio da madrugada, deu-se por vencida e não foi buscar os demais.



Adriana nem dormiu direito. No dia seguinte, encontrou, na casinha, apenas os filhotes "escolhidos", que dormiam e grunhiam, tão pequenos que nem sabiam latir. Temendo que a cadela houvesse fugido - era só que o faltava nessa esdrúxula novela canina - Adriana correu para o buraco. Lá estavam Raia e seus outros cinco filhos.



Então a humana, que é uma psicóloga renomada, entendeu a lógica da cadela. Do alto de sua sabedoria canina, Raia havia separado os filhos em dois grupos para dar conta melhor da família. Quantas vezes, nós humanos, queremos abraçar o mundo de uma só vez e falhamos? Que tal compartimentarmos nossos deveres e nos concentrarmos no que conseguimos fazer, respeitarmos nossos limites ao invés de querer criar 10 filhos ao mesmo tempo, o tempo todo?


ANA CARDOSO

terça-feira, 18 de dezembro de 2018


18 DE DEZEMBRO DE 2018
INDICADORES

Um caminho para bons argumentos

Encerra-se um ano eleitoral em nosso país onde o povo surpreendeu e o baile segue. Desejo a todos o melhor do Natal e uma virada de ano especial com energias renovadas pelos novos caminhos e consequentes oportunidades. É hora de revisar valores e questionar algumas coisas participando, assim, deste ciclo de mudanças em nosso país que é compatível com um mundo que oferece várias alternativas e está acelerado.

Como a maioria dos de minha idade, educados fomos para esperar do Estado a solução para tudo e todos, famílias, comunidades de bairro, cidades e regiões. Crescemos lendo romances de Jorge Amado, crônicas de diversos bem-humorados esquerdistas, obras brasileiras diversas contando mais estórias do que histórias, sem muita filosofia e mais no viés do catolicismo brasileiro, o maior do mundo. 

Com 22 anos, apesar de engenheiro formado, uma cevada ignorância original me acompanhava a partir de uma educação incompleta. Não entendia nada da verdadeira História, não conhecia uma linha das teorias econômicas que iriam predominar no planeta, era contra os ricos porque achava que eles eram os grandes culpados por haver pobres no mundo. Eu lia pouco e mal e, como bom engenheiro, calculava muito. Por curiosidade e exemplo de alguns colegas, me tornei empresário, um verdadeiro acidente de percurso. 

Não entendia de vendas, de industrialização, de marketing, de impostos, de nada. Comecei a ler e aprender fazendo, mas sempre buscando mestres autores. Trinta e cinco anos se passarem e a leitura não só diminuiu minha ignorância como me fez mudar. Foi uma relação de causa (leitura) e efeito (atitude). Reformei valores e crenças e, hoje, acredito ser isto um caminho necessário e natural para todos nós brasileiros, na medida que temos mais acesso a informação. Sempre se pode vencer a ignorância. Há sempre muito o que descobrir e aprender!

A internet está aí para ajudar. Com mais leitura, há condição de fundamentar argumentos, de defender boas ideias e aperfeiçoar nossas crenças. Um dos livros que mais me tocou em tudo que li na vida foi A Revolta de Atlas, da filósofa russa, radicada nos Estados Unidos, Ayn Rand. Para entender a moda dos estudantes de economia de Chicago e do Olavo de Carvalho, leiam esta autora, vale a pena. Os argumentos pró e contra vão melhorar, o que vai valorizar o debate neste ano verdadeiramente novo em nosso país.

RICARDO FELIZZOLA