FNQ e ABQ lançam carta aberta aos empresários
27/06/2018
A apatia empresarial diante de um Brasil sem gestão é o foco do documento
A FNQ e a Academia Brasileira da Qualidade (ABQ), em uma ação conjunta, lançam uma CARTA ABERTA AOS EMPRESÁRIOS ressaltando a importância e a necessidade de um protagonismo da iniciativa privada no sentido de resgatar a confiança em um País desgastado e desacreditado como o Brasil tem sido visto.
"Estamos engajados no sentido de unir forças na busca de um Brasil mais digno em prol das organizações nacionais e dos cidadãos brasileiros. Vamos assumir este papel!", destaca o presidente executivo da FNQ, Jairo Martins.
CARTA ABERTA AOS EMPRESÁRIOS
São Paulo, 26 de junho de 2018.
A apatia empresarial diante de um Brasil sem gestão
Em resposta à abertura comercial do Brasil, ocorrida no início da década de 90, o governo brasileiro, juntamente com dirigentes de empresas privadas, acompanhando uma tendência mundial, criou o PBQP - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. O fator motivador que desencadeou o programa, e que feriu o brio dos brasileiros, foi quando os carros aqui produzidos foram comparados a carroças: “Como vamos competir no mercado internacional com estas carroças que produzimos aqui?” Não há como negar que a reação de mobilizar o País, para a busca da qualidade dos nossos produtos, foi uma atitude sensata, de comprometimento e compromisso com o futuro do Brasil.
Em alinhamento com o PBQP, em 1991, 39 presidentes de empresas aqui estabelecidas idealizaram e instituíram a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), uma entidade sem fins lucrativos, que tinha a missão de administrar o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ), estimulando as organizações a colocarem a qualidade em primeiro lugar. Era a qualidade encarada como “Programa de Estado”, tendo a competitividade do Brasil em primeiro plano.
Logo, para dar uma maior abrangência ao tema, já que o mundo se movia em direção à Qualidade Total, a FPNQ evoluiu para a FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. A partir daí, o tema ganhou escala, tomando corpo e forma próprios, quando foi criado o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG). Assim, de forma estruturada e consistente, a disseminação das boas práticas de qualidade e gestão, por todo o território nacional, transformou-se em uma verdadeira bandeira. Era a qualidade dos nossos produtos e serviços encarada de maneira sistêmica, por uma liderança atuante e comprometida com os destinos do Brasil e com o futuro do seu povo.
Para melhor cumprir o seu propósito, o MEG, como plataforma brasileira de gestão, evolui continuamente com o objetivo de ajudar as organizações, públicas e privadas, a enfrentar as mutações de cenários: Gestão da Qualidade, Qualidade da Gestão, Excelência em Gestão, Gestão para a Excelência e, atualmente, Gestão para Transformação. Com as mudanças ocorrendo de forma acelerada, quase exponencial, a busca da excelência requer contínuas transformações - esse é o papel da boa gestão, por meio de líderes transformadores, bem-intencionados e comprometidos. E esse é o propósito da FNQ - Transformar pela Gestão.
Também com esse propósito está a Academia Brasileira da Qualidade - ABQ, constituída de dezenas de profissionais das ciências da qualidade, oriundos dos meios empresarial, universitário, científico-tecnológico e da administração pública, que comunga com os mesmos ideais da FNQ, de promover o desenvolvimento nacional, contribuindo para que a letargia e a acomodação que se apossou do País em anos recentes tenha um fim o mais brevemente possível.
Apesar de ter organizações como a FNQ que, por mais de 26 anos, tem cumprido o seu papel, voltado para o aumento da qualidade e da produtividade das organizações, contribuindo dessa forma para tornar o País mais competitivo, e a ABQ, o Brasil, sem um motivo plausível, deixou-se enveredar por caminhos tortuosos e entrou em uma das maiores crises de ética da história, que redundou em uma crise socioeconômica sem precedentes. Não há dúvidas de que a mediocridade política aliada à conivência e à conveniência de empresários foram os grandes responsáveis por esse estado de coisas.
Hoje, ao invés de “produtores de carroças”, somos taxados mundialmente de “corruptos”. Pelo visto, isso pouco incomoda, pois não se percebe uma mobilização coletiva do empresariado, nos moldes dos anos 90, o qual aceita, passivamente, a indigência ética em que nos encontramos. Provas e mais provas são apresentadas diariamente, malas e malas de dinheiro são movimentadas sem uma explicação convincente. As cínicas respostas em negação aos questionamentos são quase que automáticas, mesmo diante de provas evidentes. Há a sensação de estarmos cercados de “ouvidos moucos, olhos cegos e bocas mudas”.
Quando vamos resgatar o senso de responsabilidade que nos marcou no início dos anos 90? Já não passou da hora?
Não há dúvidas de que o protagonismo dessa transformação da qual precisamos operar no Brasil deve ser assumido pela iniciativa privada, que deve gerar empregos, pagar impostos, entregar valor e cumprir o seu papel socioeconômico, com ética e responsabilidade.
A FNQ e a ABQ, por meio de um acordo de cooperação, estão engajadas no sentido de unir forças na busca de um Brasil mais digno em prol das organizações nacionais e dos cidadãos brasileiros. Este é o primeiro passo para resgatar a confiança em um País desgastado e desacreditado. Vamos assumir este papel!
Sem atitudes corajosas, nada acontecerá!
Atenciosamente,